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Igreja de Jesus, igreja de Pródigos

Xavier Pikassa

Esta é a estratégia de Jesus, esta é a sua alternativa: Ele sabe que Deus não "julga", mas ama e confia que os homens (os pródigos), sendo amados, seguirão amando os outros, inclusive os seus inimigos (os irmãos grandes). Por isso não funda uma religião de pecado e perdão legal ou sacrifício (como no templo de Jerusalém), com sacerdotes superiores (grandes), mas uma casa de libertação (comunhão) e perdão desde os pródigos

Jesus edificou a sua igreja com pródigos e famintos, enfermos, estrangeiros e carentes, aqueles a quem a sua própria pequenez colocou à beira do caminho: expulsos, marginalizados por razões de tipo social ou religioso, formando assim a igreja samaritana.


– Nessa igreja samaritana a primeira "hierarquia" (autoridade de Deus) são os pródigos, com as crianças e menores (como diz Mt 18). O próprio Jesus coloca a alternativa: ou criar uma igreja de sábios e prudentes, mas sem o Deus de Jesus Cristo, ou ser igreja de menores e pródigos que se abrem e acolhem a todos na sua casa aberta (cf. Lc 10, 21 22, na linha Mt 25, 31 46). (Texto do Dicionário da Bíblia).


A parábola do filho pródigo convida-nos a criar uma igreja de "pródigos" a quem o pai lhes abre e presenteia a sua casa, para nela iniciar uma festa de vida na qual cabem todos. A igreja dos grandes, irmãos maiores (que querem dominar o mundo com métodos de lei) exclui os pródigos. Só uma igreja de pródigos abertos à vida pode abrir a sua casa a todos, inclusive os grandes, mas convertidos. Assim o realçou dramaticamente o papa Francisco, não só em Evangelii Gaudium (2013), como também em Laudato si (2015).


Esta parábola é uma revelação da graça da vida, expressa no Deus de Jesus, Pai próximo.

Esta é uma parábola arriscada, pois aqueles que perdoam e iniciam um caminho de perdão podem acabar sendo perseguidos, como Jesus, crucificado por romper (superar) a lei dos maiores (escribas - fariseus...). Esse gesto messiânico de Jesus pode e deve estruturar-se em forma de comunidades de perdão e de acolhimento, numa igreja formada por aqueles que mantêm a sua memória e caminho (cf. Lc 24, 47; Jo 20, 23), uma igreja de pródigos, mas não contra os "grandes" mas para todos, incluso os grandes.


Essa igreja só pode nascer do perdão, como diz a parábola e mostra a vida de Jesus, que proclamou e ofereceu o perdão como ponto de partida, acolhendo na casa do Reino os pródigos, sem lhes exigir conversão (que poderá vir depois), em nome do Deus que acolhe e perdoa (isto é, cria) no amor aos pródigos, não para os dominar melhor, mas para criar vida em amor, a partir deles e com eles.


Esta é a estratégia de Jesus, esta é a sua alternativa: Ele sabe que Deus não "julga", mas ama e confia que os homens (os pródigos), sendo amados, seguirão amando os outros, inclusive os seus inimigos (os irmãos grandes). Por isso não funda uma religião de pecado e perdão legal ou sacrifício (como no templo de Jerusalém), com sacerdotes superiores (grandes), mas uma casa de libertação (comunhão) e perdão desde os pródigos


Só o perdão liberta e funda comunhão entre os homens, quebrando a barreira que separa os irmãos, não o perdão, não o perdão daqueles que se acham grandes, mas o dos pródigos e dos pobres, um perdão universal e gratuito, jubiloso, de Deus Pai, o perdão dos pródigos que acolhem na sua casa (igreja) aos mesmos grandes que os criticam e querem expulsar, como o fariseu de outra parábola de Lucas, que invoca a Deus mais ou menos assim:


"Agradeço-te Pai, porque rezo e porque jejuo, e também porque posso perdoar a gente como essa, a esse mal publicano". (cf. Lc 18, 9 14)

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